Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.(1 Timóteo 2:5)

RÁDIO RIOS DE ÁGUA VIVA

13 de junho de 2018

Deus e o sofrimento (Parte 3)


Nas primeira e segunda partes desta série, lidamos com o inquestionável fato de que Deus, como um ser onipotente, se quisesse, poderia ter criado o mundo sem que fosse possível a entrada do sofrimento. Mais especificamente, explicamos que o mundo atual, assim como é, com toda a sua história passada, presente e futura, é intencional e não acidental. O Senhor não foi surpreendido e forçado a lidar com o sofrimento como algo inesperado. O clímax da história humana, que foi o nascimento, vida, e sacrifício do messias, Jesus, não ocorreu como uma solução para um problema imprevisto, de última hora, mas sim como algo estabelecido muito antes da existência do universo (Ap 13:8). Em outras palavras, a origem do sofrimento, o nosso convívio com ele, e mais importante, a sua permanente extinção, tudo isso faz parte do perfeito plano de Deus para os seus escolhidos (Ef 1:4).


“Apesar de o homem frequentemente trazer para si mesmo, e para os outros, todo o tipo de sofrimento, é comum o Senhor usar a ação humana, ainda que má, como instrumento para o bem entre o seu povo.”

Aqui, é importante salientar que estamos falando do plano de Deus e não do homem. Quero então introduzir um ponto fundamental para o entendimento desse assunto. Existem dois seres influenciando os acontecimentos na terra. O primeiro é o Criador e o segundo a criatura. O primeiro, Deus, domina e controla absolutamente tudo, simplesmente porque é impossível algo ocorrer fora do seu domínio (At 17:25; Mt 10:30). O segundo, o homem, possui uma influência bem menor, se limitando a si mesmo e àqueles com quem convive.

Sim, os anjos caídos também são criaturas e influenciam grandemente as ações humanas que causam uma boa parte dos sofrimentos (1Pd 5:8; Lc 22:3), mas não os incluímos nesta série, pois, já lidamos com esse grupo ad nauseum em vários textos, especialmente no “Vivendo Em Terras Invadidas” parte 1 e parte 2.

Quando o rei Davi cometeu adultério e trouxe para si mesmo todo o sofrimento que geralmente acompanha esse pecado, ele agiu dentro do seu domínio. Dele foi a culpa, dele foram as dores (2Sm 12:13). O seu ato pecaminoso, porém, causou um efeito cascata invadindo o território de outros seres humanos. A consequência do que fez extravasou a sua esfera e causou sofrimento a muitos outros, entre eles o estigma de adúltera de Bate-Seba, o assassinato do marido traído, e a morte prematura do primeiro filho. Mas, observemos que como consequência do erro de Davi, também ocorreu o nascimento daquele que seria um importante personagem na história de Israel, o rei Salomão. Esse quadro mostra claramente a superioridade do domínio de Deus sobre o nosso. Vemos como apesar de o homem frequentemente trazer para si mesmo, e para os outros, todo o tipo de sofrimento, é comum o Senhor usar a ação humana, ainda que má, como instrumento para o bem entre o seu povo (Gn 50:20). Muito embora durante a dor é difícil para quem está envolvido imaginar qualquer benefício ser extraído do episódio.

Queridos, muito mais se pode falar sobre isso. Esta série apenas toca superficialmente na complexidade que é o problema do sofrimento. Mas deixe-me concluir lembrando a vocês que Deus está no controle. Ele sempre esteve e sempre estará (Is 41:10). Jesus nos alertou que teríamos aflições neste mundo (Jo 16:33). Algumas das aflições as procuramos com as próprias mãos, plantamos e colhemos; em outros casos somos inocentes vítimas; e ainda outros, os sofrimentos surgem do nada, sem um aparente culpado. Tendo ou não explicação, todas as aflições nos machucam do mesmo jeito. Mas na mesma sentença, Jesus também nos disse para termos ânimo porque esse mundo de sofrimento já foi vencido por ele. Isso significa que vivemos em um presente que já possui um futuro determinado, um futuro sem aflições, sem sofrimento, sem lágrimas (Ap 21:4). Não existem dúvidas, Ele já venceu o mundo. Como filhos de Deus, tudo o que temos a fazer é, pela fé, aguentar um pouco mais de tempo. Só um pouquinho mais e ouviremos do Senhor: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34).

 Espero te ver no céu.
Por Markus DaSilva, Th.D.



Deus e o sofrimento (Parte 2)


Na primeira parte deste texto, estabelecemos uma base para que possamos nos aprofundar neste tema tão complexo, que é a existência do sofrimento no mundo. Deixamos claro que em todo o universo nada ocorre sem que Deus esteja a par e sem que faça parte do seu plano mestre para todos nós (Is 46:10); isso inclui todo o tipo de sofrimento. Mostramos que a ideia de que Deus possuía um “plano original” onde não deveria haver o sofrimento, não passa de imaginação humana sem qualquer respaldo das escrituras. O mundo atual, tal qual se encontra agora, e como se encontrará no final, sempre fez parte do único plano de Deus (Sl 90:2). Acreditem, Deus não lida com programas alternativos. O Senhor sabe o que faz e não precisa de plano B (Dt 32:4).

“Se Deus não me houvesse enviado aquelas enfermidades, poderia falar apenas dos sofrimentos dos outros, e não dos meus próprios”

Há alguns anos atrás, fui internado e operado de um aneurisma. Um tempo depois, voltei a ser internado por causa de uma trombose venosa profunda (TVP). Quem conhece sabe que ambas as doenças são sérias e o risco de morte é alto. O sofrimento na época foi grande para mim e muito maior para a minha esposa e família. Poderia ter morrido, mas o Senhor não o quis, e como o Senhor não o quis, mesmo que todas as doenças do mundo viessem sobre mim, ainda assim não morreria. Por outro lado, se o Senhor quisesse, bastaria um simples resfriado para me tirar deste mundo.

O controle do Senhor sobre a nossa vida é algo indescritível. Pensem bem, se as enfermidades mencionadas não me mataram, por que Deus as enviou? Quais foram os benefícios de tanto sofrimento; de tanto stress? Muitos. Só o Senhor sabe de todos os motivos (Jó 11:7-8), mas me lembro por exemplo que no hospital, ao ver a paz me dada pelo Espírito Santo (2Co 1:3-5), uma enfermeira, chorando, abriu o coração e confessou para mim da sua necessidade de Deus. Minhas doenças também trouxeram a minha família para mais perto de Cristo. E, obviamente, talvez o maior dos benefícios é que estou neste exato momento usando aqueles dias de provações como um testemunho pessoal para milhares de pessoas através do nosso ministério. Se Deus não me houvesse enviado aquelas enfermidades, poderia falar apenas dos sofrimentos dos outros, e não dos meus próprios.

Queridos, “bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1:12). São nos dias de sofrimento, e não nos felizes, que somos testados se realmente amamos a Deus. Abraão não foi aprovado porque gerou a Isaque, mas porque estava disposto a perdê-lo. Moisés não foi aprovado no conforto do palácio de Faraó, mas no calor e frio do deserto. Daniel não foi na sua pátria amada, mas sim no exílio; e Jó não foi nos seus dias prósperos, mas sim na perda total. Todos esses e muitos outros, no passado e no presente, foram e são testados perante todo o universo, físico e espiritual, para que seja demonstrado se realmente amam ao Senhor (Hb 11). Por que isto? Simples. Somente dizer que ama a Deus é fácil; compartilhar postagens é fácil; cantar louvores é fácil; usar camisetas com versículos bíblicos é fácil; até frequentar igreja e ter cargo é fácil. Tudo isso tem o seu valor, mas não somos testados nessas coisas e sim nos sofrimentos (Ap 3:10). É na má notícia, no desespero, no obstáculo, na dor, na escuridão, no abandono, na solidão e nas lágrimas, que deixamos claro em quem confiamos e a quem pertencemos. É no fogo que somos purificados (Zc 13:9).

 Espero te ver no céu.
Por Markus DaSilva, Th.D.

Deus e o sofrimento (Parte 1)


Ando com o Senhor por mais de 30 anos. Durante esse período, já li vários autores cristãos procurando explicar a existência do sofrimento na terra. Geralmente, a dificuldade está em como conciliar algo ruim, como o sofrimento, com um Criador cujo dois dos seus atributos são a onibenevolência (toda bondade) e a onipotência (todo poder). A lógica humana é que se Deus é realmente bom, e se Ele realmente tudo pode, não deveria existir o sofrimento no universo
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Note que disse “lógica humana” porque a Palavra é clara, e os verdadeiros seguidores de Deus devem aceitar, que não é possível à simples criatura compreender os perfeitos desígnios do Criador: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55:8). Esse fato certamente não nos proíbe o estudo da nossa condição neste mundo e de como ela se encaixa com a verdade já revelada por Deus nas escrituras: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento” (Sl 32:9).

“O Senhor não é homem que precisa de plano B, C, ou D. Deus só tem plano A. Tudo o que Deus quer, dá certo na primeira vez. Deus não tenta, ele executa. Deus não sonha, ele determina.“

Qualquer pessoa sabe que existem vários tipos de sofrimentos, mas por causa do pouco espaço que dispomos nestes textos, estaremos falando do sofrimento de uma forma geral. Não faremos muita distinção nesta série entre o sofrimento do culpado, ou seja, a dor que sabemos exatamente porque estamos passando por ela, e o sofrimento do inocente, que é aquele que não se vê nenhuma relação causa-efeito, pelo menos não de uma forma direta. Lembrando que muito frequentemente vemos também casos em que, em um mesmo evento sofre tanto o culpado como o inocente. Independentemente da razão, ou da falta dela, o fato é que o sofrimento existe (Jo 16:33). Não só existe, mas também é uma experiência universal, afetando a todos os seres humanos sem exceção.

Um erro que muitos teólogos cometem é dizer que no “plano original” da criação não era para haver o sofrimento. Como se o mundo onde o sofrimento existe, esse no qual vivemos, fosse o “plano B” de Deus. Embora certamente tenham boas intenções, esse tipo de argumento não tem o menor respaldo bíblico e não passa de uma tentativa frívola de explicar algo muito mais complexo do que querem admitir. O Senhor não é homem que precisa de plano B, C, ou D. Deus só tem plano A. Tudo o que Deus quer, dá certo na primeira vez. Deus não tenta, ele executa. Deus não sonha, ele determina. O Senhor jamais comete enganos.

Além do mais quem é o homem para se ver na obrigação, ou melhor, em posição, de justificar a Deus? (Ec 8:17). A verdade é que, como já expliquei quando falamos dos atributos de Deus, mais especificamente da onisciência, nada ocorre no universo sem que Deus saiba e queira que ocorra (Is 46:10). Isso certamente inclui todo o tipo de sofrimento.

Queridos, por causa do espaço limitado, com a aprovação do Senhor continuarei esse assunto no próximo texto. Por agora, deixe-me lembrá-lo que Deus não atua na nossa vida de uma forma reativa, ou seja, à medida que os sofrimentos surgem. Ele sim, age proativamente, o que significa que os nossos sofrimentos, cada um deles, fazem parte de um plano mestre para nós individualmente, e para a humanidade como um todo (Gn 50:20; Dt 31:8; Is 45:2). A dor que passamos, seja por nossa culpa ou não, servirá no final para um bom propósito. Digo isso porque não é possível algo mau ser o resultado final da obra de um Deus onibenevolente. Quando Deus terminou a criação e viu que “tudo quanto fizera era muito bom” (Gn 1:31), esse “ver” de Deus não se limitou àquele dia, mas à toda a eternidade. Como filhos de Deus, acreditem, pois vocês verão com os próprios olhos, que “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Ro 8:28).

 Espero te ver no céu.

Por Markus DaSilva, Th.D.